16 março, 2010

Associação de deficientes físicos perde recurso em ação contra a TV Globo


Foi negado recurso em ação movida pela representação dos deficientes físicos do Paraná contra a TV Globo por quadro humorístico apresentado no programa “Fantástico”, em 2004.

Na ocasião, a emissora promoveu um concurso para eleger o melhor humorista amador. O vencedor apresentou quadro no dominical da emissora e utilizou características de deficientes físicos para sustentar sua personagem.

Na ação, movida pela Federação das Entidades de Pessoas Portadoras de Deficiência Física do Estado do Paraná (Defipar), e pela sua representação regional, a Associação dos Deficientes Físicos de Apucarana (Adefiap), as entidades alegam que o humorista foi discriminatório, o que teria causado constrangimento aos portadores de deficiência.

No entedimento do relator do caso, juiz José Sebastião Fagundes Cunha, da 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça da cidade de Curitiba, a ação seria legítima apenas se a suposta ofensa fosse direcionada a uma pessoa, em concordância com o voto do desembargador Guimarães da Costa.

Sob a alegação da representação a respeito do concurso ter contribuído para exclusão dos deficientes, o juiz sublinhou que tratar o tema como intocável o distancia do debate público. “A meu ver, a exclusão social é construída no inconsciente coletivo com a fixação da idéia da diferença, da impossibilidade de se tocar no assunto”.

O juiz cita também uma frase do humorista Danilo Gentili à época de comentário em seu perfil no Twitter, quando associou a personagem King Kong a jogadores de futebol.”O politicamente correto está deixando as pessoas idiotas”, rememorou o juiz nos autos.

A presidente da Defipar e da Adefiap, Emília Cretuchi Quantin, disse à reportagem que a decisão é “lamentável”. Para ela, mesmo tratando-se de abordagem humorística, o fato não inocenta a intenção jocosa, pois fora apresentado por pessoa que não apresentava deficiência. “Nós [deficientes] podemos falar de nossas deficiências”, afirmou a presidente.

Questionada se a exposição de portadores de deficiência em programas de TV seria benéfica ao tema, Emília afirmou que, na verdade, tal abordagem não é fidedigna à realidade dos deficientes. “Abertura ao debate seria mostrar as reais dificuldades do deficiente; não só os problemas do universo daquela moça da novela”, observou fazendo menção à personagem Luciana, cadeirante interpretada pela atriz Aline Moraes na telenovela “Viver a Vida”, da TV Globo.

Segundo Emília, a Defipar promoverá reunião para decidir como irá proceder em relação ao pedido indeferido.

Portal Imprensa

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