24 abril, 2009

'Poder Paralelo', nova novela da Record, dita moda masculina


Filmes e séries que retratam a máfia sempre rendem, no mínimo, personagens masculinos que, a despeito do caráter, sabem se vestir bem. Vá lá, de vez em quando, pode ter um exagero aqui e ali, mas isso acaba passando despercebido por conta dos ternos bem cortados, das gravatas com nós perfeitos e camisas com colarinhos impecáveis. Não é diferente em Poder Paralelo, novela de Lauro Cesar Muniz, dirigida por Ignácio Coqueiro, que estreou na Rede Record no dia 14 de abril. E máfia que é máfia vem da Sicília, não é? Pois bem, os primeiros capítulos passados na ilha italiana (a maior do Mediterrâneo) brindaram os telespectadores com belos cenários, cenas de explosão, mortes e com vários homens em que a elegância ficou acima de qualquer suspeita. E essa elegância se mantêm.
O figurinista César Dante, que trabalha em parceria com Ricardo Raposo, dá a fórmula para compor as roupas. "Assistimos a vários filmes, séries e vimos muitos livros sobre o tema, além de editoriais de moda masculinos fotografados na Itália", conta Dante, que lista O Poderoso Chefão (por onde passaram Marlon Brando, Robert de Niro, Al Pacino, Andy Garcia), Gomorra e Família Soprano como algumas das referências.
Entre os livros, estão Shot in Sicily, de Michael Roberts, diretor de Moda e Estilo da Vanity Fair, que apresenta um belíssimo editorial com fotos em preto-e-branco feitas na ilha italiana; e Dolce Vita Style, de Jean-Pierre Dufreigne, inspirado no filme de Federico Fellini, com fotos da época também tiradas na Itália. A pesquisa, que começou em setembro, também foi feita em sites que retratam pessoas nas ruas de todo mundo, como o The Sartorialist (http://thesartorialist.blogspot.com/).
O esmero pela roupa masculina é exatamente para mostrar que não há mais o estereótipo de que quem está à margem da lei se veste mal. "Esses homens prezam pela elegância e sabem escolher bem sua roupa. Claro que às vezes aparecem aquelas correntes enormes de ouro, mas é raro", conta o figurinista.
Muitas peças masculinas da novela são confeccionadas pela alfaiataria da marca de lãs Paramount, além de outras arrebanhadas no próprio acervo da Record, que inclui marcas como Giorgio Armani, Ermenegildo Zegna e Ricardo Almeida. "Há desde o estilo clássico até o moderno", afirma Dante.

A seguir, o figurinista César Dante explica o estilo de alguns personagens da trama.

Clássico
Tony Castellamare (Gabriel Braga Nunes): O protagonista da novela vivia em Palermo, capital da Sicília, mas voltou ao Brasil após um atentado que matou a mulher e as filhas gêmeas. Tem ligação com a máfia. "As roupas dele são elegantes, com calças ajustadas. É um tipo clássico. Gabriel emagreceu pelo menos uns 8 quilos para viver o personagem. Então apostamos nesse tipo de roupa. O colete dos ternos serve para afinar ainda mais a silhueta. Ele é rico, então quisemos dar também um ar de playboy italiano, sempre bem-vestido. Ele usa também tricô, jaquetas de couro, camisetas de malha, jeans e sapatos esportivos."

Moderno
Rudi Castellamare (Petrônio Gontijo): Ele é irmão de Tony, vive em São Paulo e é dono de uma boate. Seu personagem se veste de acordo com os padrões dos ricos e modernos paulistas. "Peças de couro, paletós e ternos com brilho, meio acetinados, um pouco de strech, gravatas mais finas. Também tem muita calça jeans, camiseta pólo, tricô."

Gângster
Marco Iago (Antonio Abujamra): O personagem está intimamente ligado à máfia. A contravenção e o crime estão em seu sangue. "Fizemos roupas específicas para ele. Capotes, suspensórios, coletes. Algo que lembra a série e o filme Os Intocáveis. Anos 1940, 1950 e um pouco dos 1960, mas com uma linguagem atual e não vintage."

Dândi italiano
Paulo Garzia (Nicola Siri): O personagem é o advogado de Tony Castellamare na Itália e cuida de todos seus negócios. É encantador, refinado e de personalidade magnética. "Essa idéia de dândi mostra que o homem preza muito sua forma de vestir. Então ele quase nunca vai aparecer de roupa esporte. Os ternos são extremamente bem cortados, as camisas impecáveis, algumas com colarinho e punhos brancos, listras, abotoaduras, além de gravatas e lenço no bolso, cujas cores se combinam. É o típico homem milanês."

Estiloso
José Santana (Paulo Gorgulho): Advogado de grande reputação, tem uma vida paralela ligada ao crime organizado. "Por conta dessa dualidade, suas roupas também variam. Já apareceu de smoking, gravata borboleta, além de ternos sempre bem cortados. A gama de cores está entre o preto e o cinza."

Executivo
Bruno Villar (Marcelo Serrado): Ficou rico depois de se casar. Toma conta dos negócios da família da mulher e tem uma amante. É charmoso e envolvente. "Usa ternos clássicos em cores profundas e com risca-de-giz. Seu visual tem um pouco mais de cores, como camisas em tom lilás. Suas gravatas também seguem essa linha."

Estruturado
Telônio Meira (Tuca Andrade): Personagem inspirado nos delegados da Polícia Federal. É um homem fino e educado, que atrai naturalmente as mulheres. Nas horas vagas toca clarinete numa banda de jazz. "Usa bons blazeres com camisas e calças jeans ou de sarja. Tem também terno, para se apresentar em audiências, como vemos no Brasil. Jaquetas fazem parte de sua indumentária, assim como coletes, numa espécie de cobertura, porque sempre anda armado."

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