“Viver a Vida” acaba na próxima sexta-feira com dois resultados paradoxais: a pior audiência da década e o recorde de lucro com merchandising.
A contradição é indício de que as novelas continuam a fazer sucesso, mas não exatamente no televisor de casa.
O público pode assistir ao capítulo da novela no dia e horário que quiser pela internet, no portal da Globo ou em outros, a exemplo do YouTube, além de aparelhos móveis de TV, como minitelevisores e celulares.
A mudança de comportamento não tem comprovação do Ibope. O único instituto a medir audiência de televisão no Brasil ainda não lançou no mercado uma maneira de contabilizar o desempenho de programas independentemente da mídia pelo qual é acessado.
Nos Estados Unidos, isso já vem sendo feito pela Nielsen. Aqui, ainda está em estudo.
Senhora da década
“Viver a Vida” registrou até terça-feira passada 35,6 pontos de média na Grande São Paulo (2,13 milhões de domicílios). Está longe dos 50,4 de “Senhora do Destino” –exibida entre 2004 e 2005, é a líder de audiência dentre as novelas das oito da Globo nesta década.
O resultado não é tão negativo para “Viver a Vida” se considerarmos a porcentagem de televisores sintonizados na novela dentre o total de ligados no horário. Foram 56,3%, contra 73,7% de “Senhora”.
O declínio de ibope nas novelas das oito é contínuo desde 2005 (confira gráfico).
A Folha apurou que a Globo avalia que há uma mudança de hábito do público, mas mantém esperança de que uma nova novela possa estancar a queda e até revertê-la. A Central Globo de Comunicação diz que “Viver a Vida” é um sucesso comercial, sem divulgar os números, e que o portal de vídeos da emissora é o maior do país.
Autor da novela, Manoel Carlos falou à Folha sobre seu desempenho: “Estamos satisfeitos com a audiência, mas claro que gostaríamos de ter números melhores. A novela foi um recorde de merchandising. Cheguei a recusar e continuam chegando propostas para os últimos capítulos”, afirmou.
Para ele, “isso obviamente significa sucesso, ainda que para determinada parte do público”. “Acredito que as novas mídias sejam responsáveis pelos números menores no Ibope.”
O autor também falou sobre o sucesso que a novela faz em Portugal, que pagou um merchandising da cidade de Lisboa, exibido na semana passada.
Ele defendeu ainda que há repercussão do merchandising social da trama, na qual Alinne Moraes interpreta uma tetraplégica. “Fui premiado pela Unesco. Calçadas estão sendo rebaixadas e leis sendo propostas para obrigar estabelecimentos comerciais a ter rampas para cadeirantes.”
Folha Online
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