11 junho, 2009

Com imagens espetaculares filmadas no céu, filme 'Home' está disponível na web de graça

"Home - nosso planeta, nossa casa" é um filme verde. E azul, amarelo, vermelho, roxo, rosa, goiaba e laranja. Ocasionalmente, ele ganha tons cinza-fuligem, escuro-poluição, quase preto-fim-do-mundo. Toda essa paleta de cores está presente nas desbundantes imagens do filme de Yann Arthus-Bertrand, - que também pode ser visto online, através do YouTube, e em cartaz no Rio desde sexta-feira passada, Dia Mundial do Meio Ambiente. Um filme de tintas ecológicas, claro, mas com um brilho e uma luz diferentes de todos os outros que já entraram em cartaz.
Devastando as comparações: "Home" não é, por exemplo, "Uma verdade inconveniente", que consagrou Al Gore, estrela daquele documentário-palestra, que ganhou um Oscar e deu ao ex-vice-presidente americano um merecido Nobel da Paz.
"Home" também não é "A última hora", correto filme produzido por Leonardo DiCaprio, em formato tradicional, entrevista-imagem-entrevista-imagem. "Home" não entrevista ninguém.
"Home" também não é "Terra", seu parente mais próximo, o recente filme da Disney, feito a partir de "Planet Earth", uma fabulosa série de programas para a BBC. "Home", que não é isso, nem aquilo, paira acima de todos os outros filmes que você já viu sobre a nossa casa cósmica. Paira mesmo.

Diretor é fotógrafo e balonista

O filme de Arthus-Bertrand - produzido por Luc Besson - te dá asas. Mesmo. Ele foi todo feito a partir de uma sequência que parece única, através de 54 países (Brasil, inclusive), todo filmado do céu. O filme coloca o espectador no papel do Google Earth, mostrando que a Terra é azul, sim, mas há um pequeno animal, lá embaixo, desbotando esse cenário. E não é um mouse.
Esse estranho animal - o homem - só entra em cena depois de 15 minutos de filme (que tem 1h30m de duração, pouco). Antes, Arthus-Bertrand, fotógrafo e especialista em filmagens com a ajuda de balões, mostra o planeta sem ele, com toda a sua exuberância. São pântanos, florestas tropicais, desertos, cavernas, recifes de corais e paisagens geladas. São ursos polares, girafas, leões, baleias e gaviões. Um universo em harmonia, há quatro bilhões de anos.
Quando entramos em cena - nós e nossa civilização, - tudo se transforma. E o filme deixa de ser uma poesia visual para se transformar numa reportagem visual. Só que, em vez de entrevistas com especialistas, cientistas e autoridades, como é comum, Arthus-Bertrand vai listando fatos, uns atrás dos outros, mostrando como a Humanidade está desequilibrando essa harmonia e saindo do tom do planeta.
As informações passadas pelo filme não trazem novidade alguma. Elas estão presentes nos relatórios do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU e nos informativos que ONGs como WWF e Greenpeace nos arremessam a toda hora, como tortas amargas na cara. Estamos exaurindo os recursos naturais do planeta que nos abriga, alimenta e sacia. Estamos desmatando, estamos pescando além da conta, estamos poluindo, estamos aquecendo a Terra, estamos cometendo suicídio.
Cansados de saber isso, todos estamos (se bem que, em Brasília...). Mas visto de cima, esse panorama embriaga, deslumbra, fica surreal demais. E aí, quando o filme acaba, só nos resta pousar e, humildemente, botar os pés no chão.

Nenhum comentário: