24 abril, 2009

Mulher de Cid Moreira escreve biografia sobre apresentador



Ela, 45, está sentada no colo de Cid Moreira, 81. Cruzou as pernas e o envolveu com os braços, apoiando a cabeça na dele. Pergunta se está bonita, olha as fotos --e faz sinal de aprovação para o marido. Tem sido assim há nove anos, desde que a jornalista Fátima Sampaio conheceu e começou a namorar o apresentador que ficou 27 anos na bancada do "Jornal Nacional". E que, agora, é personagem de seu primeiro livro.
Fátima, a mulher de Cid, é autora de sua biografia, "Boa Noite", que será publicada pela editora Goal --a mesma que lança os CDs bíblicos narrados por ele. "Cid foi se apresentando para mim ao longo desses anos. O livro foi juntar as memórias que ele me passou com mais seriedade", conta Fátima. Ao lado dela, numa poltrona do hotel Renaissance, em São Paulo, o marido abre o jornal. "A gente tem o hábito muito legal de, no final da noite, ficar sentado no nosso jardim, para colocar as ideias em ordem, tomando um vinhozinho. Eu pensei: 'É quando eu vou pegar esse monossilábico garoto'".
Cid baixa o jornal e faz a primeira interrupção da noite: "Olha, eu vou resumir o seguinte: eu fui a um torneio de tênis...". É a vez de Fátima interromper: "Não, não é para contar como você me conheceu!". Ele de novo: "Calma. Fui a um torneio de tênis há nove anos em Fortaleza. Ela era repórter da 'Caras' e foi me entrevistar. O meu depoimento [para a biografia] começou lá".
Ela, então, retoma: "Eu disse, na introdução do livro, que não ia falar dos amores dele. Seria como carregar uma bandeja de ovos no meio da multidão, sabe?". Fátima é a quarta esposa de Cid, que se casou pela primeira vez aos 23. A intenção do livro, ela explica, é de homenageá-lo. A homenagem, aliás, surge nas primeiras páginas: "A maturidade substituiu a beleza física sem prejuízo algum", escreve a autora-esposa.
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Pouco depois, ela reforça o texto do livro: pede à repórter que aperte a coxa de Cid. "É firme, olha só!" Ele, então, mostra o bíceps. "Pode apertar!", diz, forçando o músculo de quem malha diariamente, toma "suco verde" (vitamina com couve, inhame, linhaça e uma longa lista de verduras, raízes, sementes e afins), faz alongamento e pedala 50 minutos.
Academia foi a terapia de Cid Moreira quando, aos 68 anos, deixou o "Jornal Nacional". Formado em contabilidade, começou a carreira de locutor aos 17 anos em Taubaté, sua cidade natal. Apelidado de Caolho na infância, vendia latinhas e "gumex caseiro" (mistura de "pó dragante, álcool e perfume da minha mãe") para ir ao cinema.
Na época, escreve Fátima, as profissões da moda eram "engenharia, medicina, fiscal da Receita Federal e funcionário do Banco do Brasil". Numa noite, por acaso, Cid subiu ao palco da festa de um amigo e deu seu primeiro "Boa noite", que lhe valeu um convite de uma rádio.Em 1969, chegou à Globo (em abril) e estreou o "Jornal Nacional" (em setembro). "Eu era muito tímido naquela época", diz no livro. "Não tinha o controle vocal que tenho agora." Hoje, sua voz é exclusividade da Globo --a exceção são as narrações bíblicas--, embora grave "poucas, pouquíssimas" locuções do "Fantástico". Mas não se sente no ostracismo.
"Eu tô numa outra fase", diz Cid. A mulher interrompe: "Eu tenho 36 anos a menos que ele. Quando eu o conheci, ele tinha 72, e as pessoas diziam: 'Que loucura! Você é uma menina perto dele!'. E eu brinco até hoje: 'É um ótimo jeito de não precisar fazer plástica'".
Cid, de novo: "Participei de quase tudo o que aconteceu neste país. Eu estava lá no momento certo. Mas, escuta, eu sou um camarada que, quando vira a página, vira. Posso até sentir uma certa nostalgia, mas...". E a biógrafa-fã conclui: "Você sabe que, quando a gente vai ao supermercado, as pessoas pedem autógrafo? Depois de tantos anos, elas lembram".

Se falando em Cid Moreira vale lembrar que a apresentadora Eliana pagara uma indenização ao apresentador

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