04 abril, 2009

EPISÓDIO FINAL - VEREDICTOS

de Fernando Rezende
Sempre, todo o tempo, reclamam e continuaram a reclamar acho, uma vez que a eternidade se faz presente em minha realidade absurda, do veredicto. Por isso o sangue nos ouvidos; para não ouvir. Mas ouço; ouço e entendo cada palavra, cada clamor, cada prece nojenta. Sei de tudo isso, pois, não fui fundo o bastante. A tesoura de ponta está ali, caída próxima á cama e não tardarei a pega-la. Sei que posso não mais ouvir as moscas que passeiam por tudo, o bater de portas pelo vento, a dança das latas rua abaixo e o melhor: não ouvir o som da cadeira nem tampouco os veredictos. Aparecem em todos os lugares, falam e falam com suas bocas sem som, falam e repetem a mesma coisa, sempre e sempre, sem trégua para a alma. Acho que isso se vai com o julho, espero que vá e sempre vou verificar se ele já está pronto para ir, levar com ele o inverno fétido e os clamores. Sei que vai passar, vai levar com seu frio abraço os rostos com órbitas vazias e as bocas sem vozes. Vai levar tudo para longe, talvez, para que chegue a paz, como a do mausoléu, frio, mas aconchegante e, quando isso acontecer, vou poder parar de lutar. Vou parar de ler os lábios maledicentes balbuciarem as repisadas palavras, as repassadas sentenças. Os rostos, eles vão desaparecer quando o julho se for. O calendário amarelado estático ainda o anuncia, mas ele vai, sinto que vai. Finalmente então, vou parar de vê-los por todos os lugares, por todo canto a clamar, a gritar, mesmo sem som os mesmos “não”, os mesmos gritos desesperados e histéricos, além do choro, do maldito choro baixo.

Todas as equipes do BRTV agradecem a audiência e a confiança depositada nos episódios de 'Veredictos'. Temos a certeza que levamos a você mais uma super produção.
Aguarde, em breve mais web seriados aqui no BRTV!

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