11 março, 2010

Jornalista em greve de fome é internado na UTI em estado grave

Rolando Pujol/11.mar.2010/EFE

O dissidente cubano Guillermo Fariñas chega ao hospital Arnaldo Milian Castro, em Santa Helena; ele foi internado após mais de duas semanas de greve de fome

O jornalista cubano Guillermo Fariñas, em greve de fome há 15 dias, sofreu um desmaio nesta quinta-feira (11), e está em "estado grave", segundo funcionários do hospital Arnaldo Milián da Província de Santa Clara (280 km a leste de Havana).

Segundo funcionários do hospital, Fariñas encaminhado à UTI (unidade de terapia intensiva).

Segundo o médico pessoal de Fariñas, Ismel Iglesias, o dissidente, de 48 anos, sofreu "um choque hipoglicêmico", perdendo a consciência às 14h locais (16h de Brasília), "semelhante ao que o afetou no dia 3" de março.

- De imediato foi trasladado de carro ao hospital, em companhia de sua esposa e da mãe, e está recebendo soro com dextrose.

O soro com dextrose é uma mistura que leva carboidrato de alto índice glicêmico de alta absorção.

Quadro de saúde já era preocupante

Iglesias destacou que, antes do desmaio, Fariñas foi visitado pelo diretor da policlínica do bairro onde mora, que o achou "muito debilitado" e requisitou "exames de urina. Seu quadro de saúde já se mostrava preocupante, devido a perdas de visão, e à fala com frases entrecortadas".

Fariñas, que já realizou mais de 20 greves de fome, esteve preso durante três vezes por sua militância. Iniciou o protesto no dia 24 de fevereiro, em seguida à morte do prisioneiro político Orlando Zapata, que protestava, também com uma greve de fome, para exigir a libertação de outros 26 dissidentes presos que estariam em mal estado de saúde.

Desde então, o jornalista e psicólogo, que mede 1,83m, já perdeu 13 quilos. Pesa, atualmente, 58 kg.

Grupo de Fariñas mandou carta a Lula

O grupo de dissidentes cubanos que apoia a greve de fome de Fariñas mandou uma carta ao presidente Lula, pedindo que ele interceda junto aos irmãos Raúl e Fidel Castro, líderes de Cuba. Lula, no entanto, negou ajuda e causou polêmica ao comparar os presos políticos cubanos a bandidos presos no Brasil.

Outro dissidente, Orlando Zapata, morreu após 85 dias de greve de fome durante a visita de Lula a Cuba há duas semanas. O presidente brasileiro também foi criticado por não tomar uma postura mais dura frente ao caso.

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