05 julho, 2009

Folha Universal faz máteria sobre ida de Gugu para a Record, confira na íntegra:


Testemunhas garantem que, quando soube da proposta de trabalho da “Rede Record”para Gugu Liberato, Silvio Santos, foi incisivo: “Vai, Gugu!” O dono do “SBT” reconhecia, assim, que não tinha como manter o apresentador que, até então, confundia-se com a história da emissora, onde esteve por 36 anos, e iria perdê-lo para a “Record”. A contratação do apresentador Gugu Liberato, de 50 anos, foi a principal transação de um artista brasileiro na história da televisão nacional e representa um passo decisivo para a “Record” alcançar a liderança de audiência nos domingos. Durante boa parte de sua passagem pelo “SBT”, um dos esportes preferidos de Gugu Liberato foi ganhar da “Rede Globo” no Ibope.
Na quinta-feira, 25 de junho, a “Record” emitiu um comunicado sucinto, de poucas linhas, confirmando oficialmente a contratação – que tem prazo mínimo de 8 anos de duração. Econômico nas palavras, o comunicado da emissora sinalizava o início de uma nova era na televisão brasileira, que altera ainda mais o jogo de forças na disputa pela audiência. Gugu Liberato chegou a ser chamado de “o rei do domingo” e se tornou um fenômeno ao atingir grandes audiências num dia em que a família inteira está em frente à tevê. Criou quadros que ficaram marcados na memória do espectador. Nos domingos da “Record”, ele apresentará um programa de auditório e a novidade é que terá, durante a semana, um outro programa, de entrevistas, um sonho antigo do apresentador.
A “Record” concretizou o que a “Globo” não conseguiu há algumas décadas: levar o passe do apresentador. No final dos anos 80, Gugu praticamente havia selado sua ida à “Rede Globo”, mas Silvio Santos teria ido pedir pessoalmente a Roberto Marinho, (já falecido e então presidente das “Organizações Globo”) que não contrasse seu pupilo. Silvio Santos teria alegado, na ocasião, que sofria de problemas nas cordas vocais e se submeteria a uma cirurgia. Gugu, então, seria seu potencial herdeiro.
Formado em jornalismo, Gugu introduziu às tardes domingos boas doses de entretenimento, combinado com noticiário quente exibido em tempo real. No “SBT” conservou uma equipe de reportagem trabalhando junto com sua produção e, com o reforço de um helicóptero, trazia informações e imagens do momento. Mas também arriscava a pele para levar emoção e denunciar mazelas sociais. Chegou a vestir-se de catador de lixo para conhecer a realidade dos trabalhadores humildes, num lixão, na Grande São Paulo, que se alimentavam de detritos. São famosas suas aventuras, como a em que atravessou um túnel flamejante de fogo, e que, além de chamuscado, quase foi asfixiado pela fumaça. Em todos esses anos, Gugu jamais aceitou o conforto dos estúdios e foi às ruas dividir os dramas de seus espectadores, criando uma cumplicidade rara na televisão brasileira. “A grande diferença entre o Gugu Liberato e outros apresentadores é que ele realmente veste a camisa do programa. Não é daqueles que apenas chegam ao estúdio para comandar um programa com o roteiro praticamente pronto. Ele se mostra mais versátil e completo do que a maioria dos apresentadores da televisão brasileira. É uma espécie de codiretor dos programas que apresenta.Conhece todo o processo de realização, entende de programação, participa de discussões estratégicas, conduz o programa de olho na audiência minuto a minuto e possui envolvimento com a equipe”, atesta Renato Tavares, professor de rádio e televisão da Universidade Anhembi Morumbi. Segundo o professor, Gugu também é capaz de “aparecer como repórter, ator e entrevistador”, saindo-se bem em quadros de entretenimento e em reportagens de jornalismo investigativo.
De acordo com Nelson Hoineff, presidente do Instituto de Estudos de Televisão (IETV), a ida de Gugu para a “Record” vai “equilibrar ainda mais a disputa pela audiência aos domingos, dia que se tornou uma tradição muito forte na televisão brasileira e cujos programas são vistos em conjunto pelas famílias, e ficam por mais horas no ar”. Respeitado como jornalista, produtor e diretor de televisão, Hoineff só tem elogios a Gugu. “Ele é um apresentador importantíssimo e de talento extraordinário que busca alternância de formatos e realiza reportagens fora do estúdio, o que colabora para dar personalidade muito própria ao progra-
ma dele.”
O grande apresentador começou a ser moldado ainda adolescente, quando trabalhava como office-boy numa imobiliária. Uma de suas diversões era destinar cartas ao apresentador Silvio Santos sugerindo novos quadros aos programas. Ao invés de pagar por cada sugestão, Silvio Santos resolveu contratá-lo quando ele tinha ainda 14 anos. Antes, porém, ele já demonstrava tino para ideias lucrativas. Quando garoto, ganhava trocados vendendo gibis de segunda mão e perfumes que ele mesmo fabricava.
No início dos anos 80, Gugu já havia sido alçado a apresentador, função que o tornou célebre, pela capacidade de emocionar e divertir com originalidade e ousadia. Entre suas famosas, e inesquecíveis criações, estão o “Táxi do Gugu”. Um quadro em que aparecia fantasiado de taxista pregava peças engraçadíssimas em seus desavisados passageiros.
Pai de três filhos com a médica Rose Miriam Di Matteo, o primogênito João Augusto e as gêmeas Sofia e Marina, ele é autor de um livro em que compartilha a experiência da parternidade. “Sou pai, e agora?” É apenas mais uma entre tantas atividades do incansável apresentador que também é um bem-sucedido empresário, com a marca Gugu Liberato sendo um sinônimo de lucros em vários outros tipos de negócio. No passado, Gugu apostou na criação de bandas que foram fenômenos da indústria fonográfica como o grupo Dominó, que revelou o hoje apresentador da “Record”, Rodrigo Faro, e o grupo Polegar. Gugu ainda se arriscou como ator, atuando em filmes juvenis, e até como cantor – quando eternizou a versão brasileira de “Baile dos Passarinhos”.
A “Record” ganha, assim, um talento ilimitado, que promete fazer muito barulho nos ouvidos da concorrência.

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