12 maio, 2009

'E24' dobra audiência da Band com emergências

O E24 pegou na veia. Logo na sua estreia, há um mês, o "reality show" tornou-se a atração de maior audiência da Band, se descontados alguns jogos de futebol de grande público. O programa, parceria da emissora com a produtora argentina Cuatro Cabezas - a mesma do CQC - se mantém no topo com 7 pontos no Ibope e picos de 9.
Isso é mais do que o CQC - até então o líder da Band - consegue seduzir. E mais do dobro dos pontinhos que ela coava com a apresentação de filmes no mesmo horário que o E24. O formato do "reality" médico, porém, não é novidade e a TV americana já o apresenta há anos.
A diferença do modelo de E24 é a quase completa ausência de dramatização. "Quase" porque a edição, a legendagem, os enquadramentos e a música de fundo terminam por criar uma certa narrativa de caráter emocional. Nem precisava.
O programa é como um funk carioca. Dispensa afinação, melodia e letra rebuscada. Vale pelo "batidão". A equipe de TV acompanha algumas das 30 mil saídas mensais das ambulâncias do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em São Paulo. E grava os médicos e os bombeiros desde o momento do atendimento à vítima, ainda no local do acidente, até sua liberação.
Documenta o estado do paciente ao chegar no hospital, acompanha cirurgias, com imagens de órgãos expostos e ossos fraturados, e parte da recuperação. A lógica é de um filme de ação, sem narração em "off", sem repórteres frente às câmeras e sem cenas longas e desnecessárias. Tudo seco e frio como uma trepanação.
De qualquer forma, as imagens de E24 são epidérmicas e não ultrapassam a superfície da tela. O que há de mais chocante não são os ferimentos variados, as fraturas e as hemorragias em uma infindável quantidade de acidentes de trânsito, em casa e no trabalho.
São os problemas que o programa termina mostrando, sinais de um Brasil profundo auscultados em sua maior cidade: violência doméstica, falta de escolas, de diversão, de habitação, de segurança, de saneamento básico, alcoolismo, insegurança, pobreza.
Os depoimentos mostram uma rotina de miséria e desinformação que termina lotando os hospitais. Claro que E24 contempla apenas os casos atendidos. Necrotérios ainda não são ambientes para "reality shows".

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