20 maio, 2009

Menina Maisa não faz ideia do que está acontecendo, diz especialista

Depois de chorar por dois domingos seguidos no "Programa Silvio Santos", a menina Maisa Silva voltou a ocupar o noticiário pela forma como o apresentador Silvio Santos a trata no vídeo. Ela completa sete anos nesta sexta-feira.
Para a psicóloga infantil Thais Guimarães, limites não foram impostos à garota.
No dia 12 de abril, Maisa puxou a peruca de Silvio Santos no ar e, há três semanas, disse que ele dormia no formol. A apresentadora mirim também é conhecida por ridicularizar os telespectadores do infantil "Sábado Animado".
"A menina abusa e o Silvio Santos abusa de volta", explica Guimarães. "Há uma escalada de agressão e todo mundo vê e bate palma. Não é colocado limite a Maisa porque o público quer ver o circo pegar fogo."
O Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo está estudando tirar do ar o quadro "Pergunte para Maisa".
Segundo Guimarães, essa medida é apenas paliativa. "Acho que muita coisa precisa ser feita. Não adianta só tirar do ar. A Maisa não faz ideia do que está acontecendo."
Já o psicólogo Yves de La Taille, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), vai mais longe e diz que a pequena Maisa "não tem autonomia e tem de satisfazer a vontade de dinheiro e glória dos pais".
Os dois psicólogos concordam que há negligência por parte dos pais. "Os pais são os primeiros e os últimos a responder, porque não colocam limites", afirmou Guimarães.
"É um absurdo o que os pais e o apresentador fazem com a criança. A posição de Maisa no vídeo é um lugar que só os adultos poderiam ocupar. A criança precisa ter intimidade e ser preservada. É bem típico da sociedade do espetáculo, em que a criança é vista hoje como um consumidor", analisa de La Taille.
Para de La Taille, todo mundo é culpado: os pais, o apresentador e o público "entregue a Silvio Santos. É mais subserviência e reverência à celebridade do que uma relação de crueldade".

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