O Ministério Público Federal em São Paulo denunciou nesta sexta-feira (8/5) o delegado Protógenes Queiroz, afastado do comando da operação Satiagraha, por vazamento de informações para a Rede Globo. Ele teria convidado produtores da emissora para gravar o flagrante da tentativa de suborno feita em nome do banqueiro Daniel Dantas.
Os procuradores Fábio Elizeu Gaspar, Roberto Antonio Dassié Diana, Ana Carolina Previtalli e Cristiane Bacha Canzian Casagrande denunciaram o delegado, afastado da Polícia Federal após participar de um comício, por violação de sigilo funcional e fraude processual.
Na investigação sobre o vazamento da Satiagraha, descobriu-se que foram feitos contatos entre Protógenes e o produtor da Globo Robinson Cerântula no dia do encontro gravado.
A ação, autorizada pela Justiça, serviria para comprovar a tentativa de suborno feita por emissários de Dantas para retirar nomes das investigações da Satiagraha.
"O MPF não tem dúvida, diante de depoimentos e outras provas, que a informação sobre a ação controlada foi passada por Queiroz ao produtor da Globo e, ao passar esta informação, sigilosa, o delegado incorreu em crime, pois, apesar de confiar no jornalista, colocou a operação em risco porque o jornalista não era obrigado a aguardar a deflagração da operação antes de tornar públicas as imagens", diz a denúncia, apresentada à 7ª Vara Federal de São Paulo.
Os contatos entre Protógenes e o repórter César Tralli e entre o delegado e o produtor Cerântula, na véspera e na manhã da operação, deflagrada em julho de 2008, também foram entendidos como violação de sigilo. A Globo exibiu com exclusividade a prisão do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, um dos presos pela PF.
Fraude
A fita com o flagrante da tentativa de suborno feita por emissários do dono do Opportunity foi editada pelo escrivão da PF Amadeu Ranieri, da equipe de Protógenes. Como as imagens em que apareciam o produtor da Globo Robinson Cerantula e o cinegrafista William Santos foram retiradas, a Procuradoria entendeu que ocorreu o crime de fraude processual.
De acordo com a denúncia, a prova, anexada por Protógenes no processo sigiloso, foi alterada para que não se soubesse que a filmagem foi feita pela Globo.
Os procuradores que assinam a denúncia entenderam que os jornalistas envolvidos nos flagrantes não cometeram crime. Já o escrivão Amadeu Ranieri teria apenas cumprido ordens, e o processo contra ele poderá ser suspenso.
Caso a denúncia seja aceita pela Justiça Federal, Protógenes passará a ser réu por três crimes —duas violações de sigilo funcional e uma fraude processual.
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